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8.4.11

Caso Parmod, parte 2

« continuando da parte 1

Texto de Ian Stevenson em "Reencarnação, 20 casos” (Ed. Vida e Consciência) – Trechos das pgs. 163 a 185. Tradução de Carolina Coelho Lima. Os comentários ao final são meus.

Parmod Sharma, segundo filho do professor Bankeynehary lal Sharma, nasceu em Bisauli no dia 11 de outubro de 1944 [1].

Aos dois anos e meio de idade, ele começou a dizer a sua mãe para não cozinhar, porque ele tinha uma esposa em Moradabad que poderia cozinhar. Mais tarde, entre três e quatro anos de idade, começou a se referir a uma loja de refrescos e biscoitos que tinha em Moradabad [2].

Parmod pedia para ir a Moradabad. Afirmava ser um dos “Irmãos Mohan” e dizia ser rico e que tivera uma loja em Saharanpur [3]. Ele demonstrava grande interesse em biscoitos e lojas, que eu descreverei de modo mais completo posteriormente. Dizia que em sua vida anterior havia ficado doente depois de comer muita coalhada e que “havia morrido em uma banheira” [4].

Os pais de Parmod, no início, não fizeram nada para verificar as afirmações do menino. Essas notícias chegaram aos membros de uma família chamada Mehra, em Moradabad [5].

Os irmãos dessa família, que tinham uma loja de refrescos e de biscoitos (chamada Irmãos Mohan [6]) em Moradabad e outra loja em Saharanpur, haviam tido um irmão, Parmanand Mehra, que morrera no dia 9 de maio de 1943, em Soharanpur [7]. Parmanand havia sofrido de uma doença gastrintestinal crônica depois de se empanturra de coalhada. Parece que ele sofreu de apendicite e peritonite, e morreu.

Parmanand era um homem de negócios que mantinha uma sociedade com três irmãos e um primo. Eles tinham muitos interesses em Moradabad e Saharanpur, incluindo o negócio de fabricação de refrescos e biscoitos da família, que ele gerenciou por muitos anos.

Quando a família de Parmanand ficou sabendo das afirmações de Parmod por meio das conexões descritas a seguir, eles decidiram visitar o menino em Bisauli.

No verão de 1949, quando Parmod tinha pouco menos de cinco anos, diversos membros da família Mehra foram para Bisauli, mas não encontraram Parmod. Logo depois, Parmod viajou com seu pai e seu primo por parte de mãe para Moradabad. Ali, ele reconheceu diversos membros da família Mehra e diversos pontos da cidade. Posteriormente, visitou Saharampur e fez mais reconhecimentos das pessoas ali [8].

(...) Em 1961, investiguei o caso com a ajuda de Sri Sudhir Mukherjee atuando como intérprete. Em 1962, Sri Subash Mukherjee reuniu alguns relatos de entrevistas com testemunhas. Eu voltei à região em 1964 e reverifiquei o caso com o Dr. Jamuna Prasad como intérprete. A maioria das testemunhas apenas falava híndi, mas o pai de Parmod e um irmão mais velho falavam inglês, assim como Sri Raj K. Mehra (sobrinho de Parmanand Mehra) em Moradabad. Parmod falava apenas um pouco de inglês. Ao preparar este relatório, tive como base, principalmente, minhas entrevistas em 1964.

(...) Usei relatórios [de outros estudiosos do caso] apenas quando as testemunhas que eu entrevistei os leram e os aprovaram como corretos. O material reunido pelo professor B. L. Atreya e os primeiros relatórios têm a vantagem de terem sido escritos logo depois que os principais acontecimentos do caso ocorreram [9].

» Na continuação, um resumo dos relatos e observações relevantes do comportamento das pessoas envolvidas no caso...

***

Comentários sobre esta parte. Ao final da série trarei comentários gerais:

[1] Este caso se encontra entre os casos estudados na Índia.

[2] Difícil dizer ao certo quando as memórias surgem. Provavelmente na maior parte dos casos elas já tenham surgido, mas a criança só consegue comunica-las aos pais a partir do momento em que adquire maior domínio da linguagem. Especificamente em casos de xenoglossia em crianças prodígio, é possível que as memórias possam ser comunicadas ainda muito cedo. Porém, devido a raridade desses casos de xenoglossia infantil, a grande maioria dos casos só pode ser verificada após os 2 anos de idade.

[3] Este na realidade é um dos poucos casos do livro em que a vida anterior (ou personalidade anterior, como Stevenson gosta de chamar) tinha uma condição financeira consideravelmente superior a atual. Trata-se obviamente de uma exceção, visto que na Índia do século passado, e mesmo na atual, existe uma proporção muito maior de pobres e classe média do que de ricos.

[4] Um dos motivos porque escolhi este caso sobre outros onde houveram grandes acidentes, assassinos e assassinados, é exatamente porque a morte pode ser considerada “banal”, embora tenha sido traumática. Falarei mais sobre isso ao longo dos comentários.

[5] Este trecho é importante. Muito embora a Índia seja um país onde a crença na reencarnação é fortemente arraigada, isso não significa que os pais tenham interesse em divulgar os “comentários estranhos” de seus filhos. Normalmente, são vizinhos curiosos (ou fofoqueiros) que acabam por divulgar tais notícias, visto que os pais na maior parte das vezes são os menos interessados em seguir adiante nas investigações (principalmente em casos onde há assassinos ou assassinados).

[6] Conforme comentário do autor: O irmão mais velho dos sócios da família Mehra era Mohan Mehra. Seu nome tornou-se relacionado aos negócios da família, chamado “Mohan e irmãos”, abreviado para “Irmãos Mohan”.

[7] Posteriormente irei comentar sobre o tempo médio “entre vidas” e da possível relação de mortes traumáticas com períodos mais breves.

[8] Stevenson analisa detalhadamente cada reconhecimento, o que será descrito em outras partes desta série.

[9] Um problema comum – e constantemente lembrado pelos críticos – das investigações de Stevenson é o fato de na maior parte das vezes terem sido tardias. Acredito que ele tenha aprendido a lição, tanto que o principal “continuador” de seu trabalho, Dr. Jim Tucker, tenha optado por focar em casos norte-americanos, como forma de conseguir chegar às crianças analisadas o mais breve possível. Isso é vital por duas razões: a primeira é a de que na maior parte dos casos as crianças vão se esquecendo das lembranças já a partir dos 7 anos – sendo que muitas se esquecem por completo. A segunda é a de que analisando o caso desde o início, é possível anotar afirmações das crianças ainda antes de sequer terem sido validadas, o que traz uma enorme credibilidade a pesquisa. Não podemos esquecer do caso extraordinário de James Leninger, norte-americano, em que inúmeras afirmações foram comprovadas posteriormente.

***

Crédito da foto: Scott Stulberg/Corbis (criança de Jaipur/Índia).

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