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30.9.11

Stevie e Paul

Depois do show memorável de ontém a noite (no Rock in Rio IV), resolvi lhes trazer uma das músicas que Stevie Wonder não tocou, mas que traz uma de suas mensagens mais bonitas. "Ebony & Ivory" foi composta por Sir Paul McCartney e lançada por Stevie e Paul, num dueto antológico. No primeiro vídeo abaixo temos a música e sua mensagem, com legendas em português. No segundo temos os dois cantando, em perfeita harmonia.

Oh Senhor, por quê nós não?

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29.9.11

4 amores: um caminho de evolução

Precisei criar uma apresentação sobre o tema "amor" para um estudo que fazemos semanalmente num centro espírita ecumênico que frequento, então achei por bem adaptar a série de artigos "4 amores" para um formato mais ao estilo power point, só que bem mais legal - usando a excelente ferramenta online, Prezi.

Veja abaixo esta apresentação. Basta ir clicando nas setinhas para avançar ou retornar, você também pode usar a roldana do seu mouse para um efeito surpreendente... Recomendo ver em tela cheia (more > full screen):

» Abrir apresentação no site da Prezi


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27.9.11

Cristo crucificado

Você que andou por esse mundo de homens quando os homens eram pouco mais do que feras bestiais, você que veio de longe, de onde mesmo a luz demora a viajar, você que esteve no reino iluminado, na morada da paz duradoura, e ainda assim decidiu retornar... Por nós!

Você que esteve presente na fundação da primeira tribo, e também da primeira civilização. Você que tem sido amigo dos homens há tantas e tantas eras. Você que tem cuidado para que o nosso fogo não se apague com os ventos gélidos das noites obscuras. Você, nosso amigo, e amigo do sol. Você é o que há de mais precioso em nossa existência e, ainda assim, é tão somente mais um de nós...

Não Deus, mas apenas mais um da raça dos deuses. Não Deus, mas apenas mais um da raça dos homens. Não Deus, mas apenas mais um ser que veio de algum lugar do infinito, e agora voa junto aos anjos do firmamento.

Nós o caçamos quando o avistamos no céu. Nós o arpoamos e o trouxemos para baixo, para o mesmo nível de pensamento, para o nosso fétido pântano de desejos desenfreados. Nós arrancamos suas asas e o fizemos gritar em agonia, e o que você nos ofereceu? A outra face!

Não obstante, você nasceu novamente homem, você cresceu novamente homem, você viveu uma vida de homem. Você correu entre as ovelhas do mundo como um jovem pastor que algum louco avistara dentre as colinas no final da tarde. Você se ajoelhou perante os grandes sábios do oriente e lhes disse: “ensinem-me”; mas eles lhe responderam: “não, ensina-nos tu, ó mensageiro!”

Não profeta, mas apenas alguém que já vira este orbe girar por muitas eras. Não messias, mas apenas alguém que agora vai aonde quer no Cosmos. Não mágico, mas apenas alguém que nos faz relembrar o amor. Não curandeiro, mas apenas alguém que nos faz reencontrar a saúde de nossa própria alma. Enfim, não Rei, mas Imperador do espírito.

Não obstante, nós cuspimos em sua mensagem de luz. Nós o açoitamos e lhe dissemos para ir-se embora daqui. E para nos certificarmos de que estava errado em sua vã esperança de uma era de amor, nós deixamos que o próprio povo, o seu querido povo, escolhe-se entre tu, ó cordeiro que sangra, e Barrabás, aquele imundo assassino, incitador de rebeliões e matanças. E eles não te escolheram, eles te deixaram sangrar até o fim...

Nós, os imperadores da terra, os conquistadores de reinos, a turba do Coliseu, o crucificamos e o banimos de nossas vidas. A tua esquerda deixamos um ladrão, e a tua direito ainda outro, e só deixamos que algumas mulheres te dessem adeus, por que todos sabemos o quanto choramingava na cruz. Você ainda teve a coragem de pedir perdão ao Cosmos, dizendo que não sabíamos o que estávamos a fazer. Mas todos sabíamos, sabíamos exatamente o que era realizado naquele dia!

Mas esse foi apenas o início de nossa vingança. Depois, ainda conseguimos erguer uma gloriosa Igreja de Eleitos sobre os corpos esquartejados de cada um de seus amados discípulos. Eles pregavam sua mensagem de que o Reino de Deus nos abarcava por todo lugar, dentre galhos partidos e debaixo de pequenas pedras ao longo das estradas... E nós lhes dissemos que não: “Todas as estradas levam a Roma, e somente a Igreja de Roma poderá lhes salvar da danação eterna!”

Você veio nos dizer que a existência era uma festa armada pelo Cosmos, e que tudo que havíamos de buscar era o amor. Mas nós lhes dissemos que todo ser nasce um pecador, que algum ancestral obscuro havia comido uma maçã podre em algum bosque fabuloso, e que por isso te crucificamos: para que pagasse o pecado sombrio de todos nós, de toda a humanidade!

E houve dia que nossa Igreja controlou os pensamentos de metade da humanidade. Nós que te crucificamos e que aplaudíamos enquanto sangrava, gota a gota, fizemos de seu momento de maior agonia, de seu calvário, nossa maior imagem de glória. Na entrada de cada um de nossos Templos de Ouro, erguidos em meio à pobreza e miserabilidade dos homens, mostramos o Cristo Crucificado em toda a sua grandeza...

Não obstante, você até hoje jaz crucificado, e até hoje lhe esquecem e clamam em turba: “Salvem Barrabás!”

Então eu lhe pergunto, meu amigo: quando finalmente sairá dessa cruz? Quando finalmente se instaurará um reino de vida, e não mais de morte, nesta terra? Quando finalmente irás ressuscitar dentre os mortos, para que tragas junto contigo todos aqueles discípulos de outrora, e todos os teus amigos que tem te amado nas orações noturnas, e salvo teus ensinamentos em pinceladas ocultas e vasos enterrados nos desertos?

Quando irá retirar os três pregos hediondos desta cruz monumental, e virá nos consolar novamente? Ou será que somos nós que precisaremos subir até sua cruz, para te libertar, e lhe trazer definitivamente para dentro de nosso coração?

Ainda existe luz aqui embaixo, ainda há luz em todo lugar... Tu venceste a noite de todas as almas... Apenas tu, ó invicto!


raph'11

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Crédito da imagem: J. H. Williams III (Promethea de Alan Moore)

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26.9.11

Pensando em amor

Vocês que já ouviram sobre Rock, Memes e Egrégoras, e já assistiram ao documentário The Mindscape of Alan Moore, já devem saber do que um grande artista é capaz de fazer com sua arte, com sua magia... Se, no entanto, ainda não sabem de nada disso, basta ver abaixo um exemplo prático, e lendário, da apresentação do Queen no primeiro Rock in Rio (1985), quando o público era facilmente mais do que o dobro do público diário desta edição (2011). Vejam como o mago Freddie Mercury pôde fazer com que dezenas de milhares de pessoas pensem em amor na mais perfeita sintonia, de tal forma que ele mal precisou cantar a letra:

Queen - Love of my life (ao vivo)


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Links Mayhem (30)

O Projeto Mayhem foi criado em Março de 2010 como centro de debates e discussões sobre temas Ocultistas e Herméticos. Agora, toda semana, os participantes do projeto divulgam os links mais interessantes para artigos nos blogs de outros participantes:

- Teoria da Conspiração - Diferenças entre Ricos e Pobres
- Artigo 19 - Quando respostas velhas não ajudam mais
- Idéia Biruta - Criando uma Religião I
- Heresias Compartilhadas - Sobre o bosque dos suicidas
- Tudo sobre Magia e Ocultismo - Bambu
- Autoconhecimento e Liberdade - Como se aproximar do seu anjo da guarda, eu superior ou SAG
- Diário do Adeptu - O Chakra Esplênico, cuide bem de seu baço
- Jedi Teraphim - Sepher Yetzirah, Capítulo I
- Labirinto da Mente - Os Níveis do Ser Humano
- O Alvorecer - Exercícios de Relaxamento
- Hermetic Rose - Silencioso e Sombrio

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Veja também os colunistas no Portal Teoria da Conspiração:

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» Veja todos os posts sobre o Projeto Mayhem

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23.9.11

Rock, Memes e Egrégoras

Em homenagem ao Rock in Rio (ou Pop in Rio), trago a vocês dois excelentes podcasts sobre rock, ciência, religião, ocultismo, memética e egrégoras. Se tiver pouco mais de 2h para ouvir isso tudo com alguma atenção, tenho a certeza que passará a encarar a vida, e seus próprios pensamentos, por uma ótica inteiramente nova...

Se não tiver paciência para escutar a apresentação dos programas, assim como as músicas e trechos de filmes, recomendo fazer o download dos arquivos, para que possa ouvir localmenete e pular os trechos indesejados:

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Podcast Rock com Ciência: Memética [ver no site original]
Meme, termo derivado da palavra gene, foi cunhado por Richard Dawkins, em seu livro O gene egoísta em 1976. Qual a música (rock, claro) mais grudenta que você conhece? Aquela música que você escuta uma vez e não sai mais da cabeça? Existe até uma expressão para isso, Brainworm...

» Fazer download do podcast acima

Programa do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva UFV - Campus de Rio Paranaíba

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Podcast Descontrole: Marcelo Del Debbio [ver no site original]
Prepare-se! Pois você vai se sentir esquisito... Vamos falar hoje sobre o que está oculto sobre o véu da realidade, vamos nos olhar no no espelho e escolher entre a pílula azul ou a vermelha! Podcast com o ocultista Marcelo Del Debbio, onde falam sobre símbolos, mitologia, origem das religiões, memes e... egrégoras.

» Fazer download do podcast acima

Programa de um bando de "loucos"...

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Gostou da memética e suas relações com o ocultismo e a espiritualidade em geral? Então não perca nossa série de reflexões sobre o assunto: Onde estarão os memes?

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Crédito da imagem: moodboard/Corbis

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22.9.11

Tudo é semente

A água, por tudo lava:
O que se sente, o que se abraça –
Está tudo no tempo, que também passa
E no vento, que tudo leva

Tudo é mente
Ideia que se ama e se amassa
Tudo é semente
Vida que se move, e também passa

A existência: há de ser leve
Na harmonia desse presente
Tão eterno quanto breve

A substância, por tudo abarca:
A água, o vento, a vida –
E a poesia, que jamais passa

raph'11
(depois do tweet de Carol Phoenix)

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Crédito da foto: Bruno Ehrs/Corbis

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Filhos da eternidade, parte 2

« continuando da parte 1

Texto de Arthur Schopenhauer em “Da morte, metafísica do amor, do sofrimento do mundo” (Ed. Martin Claret), tradução de Pietro Nassetti – Trechos das pgs. 67 a 72. Os comentários ao final são meus.

É verdade que não podemos levar a cabo a representação de tudo o que foi dito acima sem recorrer a noções de tempo; e todavia, essas noções deveriam ser excluídas quando se trata de coisas-em-si. Entretanto, pertence aos limites insuperáveis de nosso intelecto que ele não possa libertar-se inteiramente dessa forma primeira e mais imediata de todas as suas representações, para depois operar sem ela [1]. Assim, somos conduzidos aqui a uma espécie de metempsicose, porém com a diferença importante de que a nossa metempsicose não concerne à psique, isto é, ao ser que conhece, mas apenas à vontade, que, com isso, suprime muitos absurdos ligados à doutrina da transmigração de almas [2]; e com a consciência de que a forma do tempo intervém aqui apenas como acomodação inevitável à natureza limitada de nosso intelecto.

[...] [O novo ser nascido] agora, conforme a sua natureza e as modificações que sofrer guiado pelo curso necessário das coisas, sempre em harmonia com sua natureza, recebe agora, por um novo nascimento, um novo intelecto, com o qual seria um novo ser, que não teria recordação de uma existência anterior, pois o intelecto, único capaz de memória, é a parte mortal, ou a forma; a vontade é o elemento eterno, a substância do nosso eu: disso resulta que a palavra palingenesia é mais adequada para designar essa doutrina, que metempsicose [3]. Esses renascimentos perpétuos constituiriam então a série dos sonhos de vida de uma vontade em si indestrutível, até que ela, instruída e aperfeiçoada por tantos e tão diversos conhecimentos sucessivamente obtidos, sempre em novas formas, viesse a se suprimir a si mesma [4].

[...] A verdade aqui expressa não era totalmente desconhecida, embora jamais tenha sido remetida ao seu sentido real e exato, como o permite fazer nossa teoria da essência superior e metafísica da vontade, e da natureza secundária e apenas orgânica do intelecto. Com efeito, encontramos a doutrina da metempsicose, dos tempos mais antigos e mais nobres da humanidade, sempre espalhada sobre a terra, como a crença da grande maioria do gênero humano, e mesmo, na verdade, como doutrina de todas as religiões, com exceção da judaica e das duas religiões que surgiram desta [5]; todavia, no budismo, como já disse, nós a encontramos na sua expressão mais sutil e próxima da verdade. Enquanto os cristãos se consolam pela esperança de se reverem em um outro mundo, onde se reencontra, ao mesmo tempo, a individualidade completa, para as outras religiões, pelo contrário, aquele reconhecimento começa a se operar desde já, embora incógnito.

Isto é, no círculo de nascimentos e em virtude da metempsicose, ou palingenesia, as pessoas que hoje estão em contato ou relação íntima conosco também nascerão, ao mesmo tempo que nós, na próxima geração, e terão relações e disposições idênticas, ou pelo menos análogas, sejam estas amigáveis ou hostis.

[...] Sobre a universalidade da crença na metempsicose, Obry nos diz, com razão, no seu excelente livro Du Nirvana indien, p.13: “Esta velha crença fez a volta ao mundo, e estava de tal modo expandida na alta antiguidade, que um douto anglicano a julgou sem pai, sem mãe, e sem genealogia”. Já ensinada nos Vedas, como em todos os livros sagrados da Índia, a metempsicose é, como se sabe, o núcleo do bramanismo e do budismo, e reina até hoje por toda a Ásia não conquistada pelo islamismo, isto é, em mais da metade do gênero humano, como a crença mais sólida, e como influência prática de uma força inimaginável. Ela foi também um elemento de fé dos egípcios (Heródoto, II, 123); Orfeu, Pitágoras e Platão a adotaram com entusiasmo, e os pitagóricos, sobretudo, a mantiveram firmemente. [...] Ela era também o fundamento das religiões dos druidas. Existe até uma seita maometana no Hindustão, os bohrahs [6]. [...] Mesmo entre os americanos (índios) e povos negros, a até mesmo entre os australianos (aborígenes), encontram-se traços dela.

[...] Essa doutrina disseminada por todo o gênero humano, e tão evidente para os sábios como para o povo, encontra uma obstáculo no judaísmo e nas duas religiões que dele se originaram, cuja teoria da criação a partir do nada tem a difícil tarefa de estabelecer conexão com a crença de uma permanência eterna de seu ser a parte post. Se é verdade que, a ferro e fogo, essas religiões conseguiram expulsar da Europa e de uma parte da Ásia aquela crença originária e consoladora da humanidade, resta saber por quanto tempo. Conseguir isso sempre foi difícil: atesta-o a história dos primeiros tempos da igreja; a maior parte dos heréticos, por exemplo, os simonistas, basilidianos, valentinianos, marcionistas, gnósticos e maniqueus, admitiam aquela crença antiga [7]. Os próprios judeus, em parte, a incorporaram, como testemunham Tertuliano e Justino (em seus diálogos). O Talmud relata que a alma de Abel passou para o corpo de Seth, e depois para o de Moisés. Até mesmo a passagem da Bíblia, em Mateus 16, 13-15, só adquire um sentido razoável dentro da hipótese do dogma da metempsicose. Lucas, que certamente também a admite (9, 18-20), acrescenta que um dos antigos profetas ressuscitou, insinuando aos judeus a suposição de que um antigo profeta possa ter ressuscitado em carne e osso: mas, como eles sabiam, tal profeta já estava enterrado no túmulo havia seiscentos ou setecentos anos, portanto era pó havia muito tempo, e isso seria uma absurdo manifesto.

A transmigração de almas e expiação por meio desta de todas as faltas cometidas em uma vida anterior, o cristianismo substituiu pela doutrina do pecado original, isto é, pela expiação pelo pecado de um outro indivíduo. As duas doutrina identificam, e por certo com uma intenção moral, o homem existente com um outro que existiu anteriormente: a transmigração de almas por uma assimilação imediata, o dogma do pecado original por uma aproximação indireta [8].

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[1] Não conseguimos representar a eternidade em nosso próprio pensamento, pois o próprio ato de representação é temporal. Desse modo, é preciso filosofar acerca da eternidade de uma forma “aproximada”.

[2] Schopenhauer entendia a reencarnação como um mecanismo pelo qual sua “força da vida” fazia com que as potencialidades dos seres (a espécie, a vontade) se desenvolvessem ao infinito. Ele certamente não acreditava que as personalidades (o indivíduo, o intelecto) permaneciam intactas de geração em geração – estas eram aniquiladas, pois que surgiam com o nascimento e “eram esquecidas” com a morte.

[3] E outros a chamam reencarnação, mas termos são apenas termos: o importante é o que cada um compreende de seus conceitos.

[4] Apesar de não ficar muito claro o que o filósofo alemão quis dizer, podemos tirar daí a curiosa concepção de que a “força da vida” também pode evoluir, e que todos somos partes de sua evolução. Me lembrei da famosa frase de Carl Sagan: “Nós somos uma forma do Cosmos conhecer a si mesmo”.

[5] Em realidade, mesmo na forma mais profunda do judaísmo, a cabala, existia a crença arraigada na reencarnação – e que persiste até os dias atuais entre inúmeros judeus. “Não é possível entender a cabala sem acreditar na eternidade da alma e suas reencarnações” (Rabi Arieh Kaplan). Entre os essênios e gnósticos, que muitos compreendem como “os verdadeiros cristãos primitivos” (antes de Constantino inaugurar sua Igreja), a reencarnação e o evolucionismo também sempre foram pontos chave de sua doutrina espiritualista. Mesmo na Bíblia “editada” por Constantino “sobraram” algumas passagens que remetem a tal conceito, conforme o próprio Schopenhauer descreve a seguir.

[6] Os Drusos e algumas outras seitas islâmicas crêem na reencarnação, embora muitas delas não creiam. As seitas islâmicas que aceitam a reencarnação sustentam suas controvérsias citando passagens do Alcorão, as quais prestam-se a uma interpretação a favor de tal crença. Por exemplo; “Como deixais de acreditar em Alá se estivestes mortos e Ele vos deu a vida. Depois Ele vos dará a morte, e novamente a vida, e depois para Ele voltareis”. (Surah. 2 versículo 28); e “E Alá vos fez com que nascesseis da terra, fazendo-vos depois voltar a ela, e Ele vos dará a luz novamente, um nascimento.” (Surah. 71, versículos 17-18). M. M. Picktall. The Meaningof the Glorious Koran: An Explanatory Translation. New York: The New American Library, 1953.

[7] Vê-se que Schopenhauer estudou a fundo inúmeras religiões e suas histórias, antes de falar do assunto – provavelmente muito, muito mais do que a grande parte dos eclesiásticos que resume todo seu conhecimento apenas a sua própria doutrina (a qual, muitas vezes, creem ser “infalível”).

[8] Que cada um julgue, por si só, por toda a lógica e toda a justiça que é capaz de conceber, qual faz mais sentido, qual está mais próxima da realidade que a Natureza nos exibe em todos os dias e todas as noites.

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Crédito da imagem: Bobaumicheduw

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20.9.11

Um caso sugestivo de psicopictografia

No vídeo abaixo, temos a inauguração do quadro “Dom Especial” na TV Xuxa, da Rede Globo, apresentando um caso sugestivo de psicopictografia, através da mediunidade de Lívio Barbosa. Uma das obras, atribuída a Monet, é depois analisada no palco por um crítico de arte, uma estudante da doutrina espírita, e um cientista cético.

O vídeo pode demorar um pouco a abrir:

Para quem não se interessar pela história de vida do médium, pode pular para o minuto 14:00, aproximadamente, que é quando ele começa a pintar.

Há muitos que evitarão sequer ver o vídeo, ou ler este texto, assim que se depararem com alguns termos – como “mediunidade” ou “psico...grafia” por exemplo –; Mas se você permaneceu conosco até aqui, o convido para refletir sobre algumas teorias que foram elaboradas para explicar esse tipo de fenômeno.

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Primeiro, é preciso lembrar que esse tipo de mediunidade não é assim tão raro, embora até hoje tenha encontrado poucos médiuns com tal capacidade e qualidade na pintura mediúnica. Eu colocaria Lívio par a par com Luiz Gasparetto, por exemplo, que também realizou fenômenos impressionantes nessa área (hoje, por alguma razão, ele não pinta mais).

Segundo, é preciso destacar que a grande maioria desses médiuns (pelo menos os que seguem a doutrina espírita) não teve estudo artístico específico (como pintura ou escultura, por exemplo), e tampouco fica com os ganhos das vendas de suas pinturas mediúnicas – elas quase que sempre servem para financiar as próprias instituições de caridade em que foram produzidas. Leia-se: instituições em torno do país todo (e às vezes até fora dele), não apenas aquelas que frequentam regularmente.

Com tais informações, fica claro que esse tipo de fenômeno ocorre com a frequência necessária para que mereçam estudos mais aprofundados da parapsicologia, e é isso o que ocorre. Vale lembrar que segundo o próprio Alan Kardec, o espiritismo enquanto ciência é uma ciência muito mais próxima da psicologia do que da física e da química, por exemplo. Afinal, “não é possível fazer experimentos com espíritos conforme se faz experimentos com uma pilha voltaica”. Se esses estudos caem no ramo da parapsicologia, e não da psicologia, é mera formalidade – afinal a Academia ficaria “de cabelo em pé” se fosse forçada a admitir o fato de que tais fenômenos são psicológicos (no mínimo) e que, portanto, efetivamente existem.

Vejamos então algumas teorias para a psicopictografia:

Criptomnésia
Segundo muitos céticos, cientistas e neurologistas, tudo o que ocorre na pintura mediúnica pode ser compreendido se considerarmos que nosso inconsciente é ainda um grande desconhecido. Ele não só é capaz de captar e armazenar muito mais informações do que nosso processo consciente nos deixa “a par”, como também pode ocorrer de que grandes aglomerados de informação se encontrem ocultos a consciência por toda a vida. Em suma, é como se os médiuns tivessem tido acesso a esse tipo de informação ao longo da vida, desde a infância, sem que tenham se dado conta disso, pelo menos não de forma consciente.
Então, nos chamados estados alterados de consciência, que ocorrem usualmente no sono e sonambulismo, mas também podem ser “acessados” através do uso de certas drogas, da meditação transcendental, ou da mediunidade (dentre outros métodos mais “ocultos”), a consciência consegue acessar todas essas informações, produzindo fenômenos extraordinários – e que, na maior parte das vezes, são chamados paranormais.
É essa a explicação dada pelo cientista no final do vídeo acima. De acordo com ele, Lívio teve acesso aos quadros de todos esses pintores em algum momento da vida, e os guardou na inconsciência, ainda que aparentemente não se lembre disso. Falta explicar como esse tipo de informação é “acessada” de forma tão extraordinária, como consegue desenvolver a habilidade de pintar com pincéis, dedos, ao bater das mãos, e até mesmo com os pés, e apenas durante o transe. Em suma: há muito o que se estudar mesmo assim!

Inconsciente coletivo
O psiquiatra suíço Carl G. Jung desenvolveu o conceito de inconsciente coletivo – uma parte da mente, compartilhada por todos, como produto da ancestralidade. Para ele, esse inconsciente inclui os arquétipos (conceitos universais inatos), como mãe, Deus, herói, etc., detectáveis na forma de mitos, símbolos e instinto. Presume-se que ele via o inconsciente coletivo como um tipo de memória popular, corporificado na estrutura do cérebro. Ora, que o cérebro de um recém-nascido obtenha registros em seu hipocampo, trazendo memórias armazenadas por seus ancestrais, nem seria um grande problema científico, contanto que fossem detectadas as partículas responsáveis por tal transmissão.
Richard Dawkins, quando estava mais preocupado com o estudo da natureza do que com a difusão do ateísmo, desenvolveu o curioso conceito dos memes, que seriam as tais unidades de informação responsáveis pela transmissão desse tipo de conhecimento de forma não-física (pois que genes transmitem apenas características físicas), através das gerações humanas.
Segundo essa teoria, o fato de Lívio pintar com tal habilidade pode ser explicado pelo seu “acesso” as informações ancestrais do inconsciente coletivo da espécie, durante o estado alterado de consciência.

Imatéria
Na grandiosa série de quadrinhos Promethea, o escritor e ocultista Alan Moore nos apresenta o conceito de imatéria: uma espécie de “reino das ideais”, um tanto quanto similar ao platônico, por onde todos os pensamentos da humanidade “flutuam” como poeira ao vento, e onde alguns de nós – particularmente os artistas – conseguem acessar informações durante os momentos de inspiração.
Interessante que é essa mais ou menos a explicação dada pelo crítico de arte no final do vídeo acima. Provavelmente ele nunca leu Promethea, mas quando diz que “o Lívio acessou o imaginário de Monet, e pintou de forma genuinamente impressionista”, ele está em essência se alinhando com a teoria de Moore.

Espiritualismo
Segundo as diversas teorias espiritualistas, espíritos são seres como nós, com processos conscientes tão ativos quanto os nossos, mas que vivem fora do que compreendemos como corpo físico – muito embora a grande maioria dessas teorias também concorde que espíritos têm corpos, são formados por matéria, apenas esta matéria não interage com fótons (luz), é uma matéria mais fluida, por assim dizer, e por isso nunca foi detectada diretamente em experimentos científicos.
Segundo a estudante espírita do vídeo acima, Lívio deixa de ter “vontade própria” no momento da pintura, e passa a ser mero canal passivo para a mensagem do espírito que age sobre o seu cérebro, comandando certas partes do seu corpo físico como alguém que opera um robô humanoide – salvo as devidas proporções.
Ela vai ainda mais além e afirma que “os espíritos já haviam pintado o quadro, e o que ocorre é um fenômeno parecido com o de uma fotografia sendo revelada”. Essa informação adicional é interessante porque remete a possibilidade de que todas as teorias acima possam ser também parte da totalidade da explicação desse tipo de fenômeno.

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Resta-nos saber, é claro, se os artistas mencionados são realmente os mesmos espíritos quando em sua última encarnação terrena. Conforme o objetivo final das pinturas é a caridade, talvez essa questão nem seja assim tão importante.

Há espíritas que se digladiam com céticos afirmando que tais fenômenos podem ser descritos de forma exata, e que os pintores são realmente os grandes artistas de outrora, e que existe sem dúvida um mundo espiritual exatamente desta ou daquela forma – mas estes não nos auxiliam em quase nada na busca pela real compreensão desses fenômenos.

Nesse sentido, nem o pseudo-ceticismo (ou ceticismo de negação a priori, como gosto de chamar) nem a crença exaltada nos servirão. Se quisermos um dia saber efetivamente o que ocorre nos arcabouços do inconsciente, e se existe realmente a possibilidade de processos conscientes ocorrerem sem um cérebro físico como casa, precisaremos igualmente da ciência e da imaginação, da dúvida e do bom senso, enfim, de um certo deslumbramento perante a existência – e de uma certa humildade em admitir o quão pouco sabemos sobre a natureza do Cosmos.

Até lá, continuemos pelo menos a admirar a arte, seja por onde ela chegue a este mundo...

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Crédito da foto: Arianna Ramella

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18.9.11

Filhos da eternidade, parte 1

Texto de Arthur Schopenhauer em “Da morte, metafísica do amor, do sofrimento do mundo” (Ed. Martin Claret), tradução de Pietro Nassetti – Trechos das pgs. 50 a 54. Os comentários ao final são meus.

A convicção profunda da indestrutibilidade de nosso ser pela morte, que cada um traz no fundo de seu coração, como atestam os escrúpulos de consciência sempre invitáveis quando se aproxima o derradeiro instante, essa convicção, como disse, depende fortemente da consciência de nossa natureza primitiva e eterna. Por isso, assim a exprime Spinoza: sentimus experimurque nos aeternos esse (“sentimos e experienciamos que somos eternos”). Com efeito, por se acreditar imperecível, o homem de razão se crê como se não tivesse tido começo, como eterno; em uma palavra: independente do tempo [1]. Quem, ao contrário, se toma por um ser que surgiu do nada, tem de pensar também que retornará ao nada; pois imaginar que uma infinidade de tempo tivesse transcorrido antes que ele fosse, mas, depois, uma segunda infinidade tenha começado, durante a qual ele não cessará jamais de ser, é um pensamento monstruoso [2].

De fato, o fundamento mais sólido de nossa eternidade é a antiga sentença: ex nihilo nihil fit, et in nihilum nihil potest reverti (“Do nada, nada se cria, e nada pode ser revertido ao nada”). Portanto, Theophrastus Paracelsus diz muito acertadamente: “Minha alma nasceu de alguma coisa; por isso ela não irá para o nada, uma vez que ela vem de algo”. Ele dá a verdadeira razão. Mas para quem considera o nascimento do homem como o seu começo absoluto, a morte tem de ser o fim absoluto; pois os dois são aquilo que são no mesmo sentido: por conseqüência, só se pode pensar a si mesmo como imortal, se se pensar como não-nascido, e no mesmo sentido. O que é o nascimento, é isso também o que é a morte, na sua natureza e no seu significado; é a mesma linha traçada em duas direções. O primeiro é um real surgir do nada, e a segunda é também uma efetiva aniquilação. Mas, na verdade, a eternidade do nosso ser é o único modo de pensar a imutabilidade; esta, portanto, não é temporal. A hipótese de que o homem é criado do nada conduz necessariamente à de que a morte é seu fim absoluto [3].

[...] Quem concebe sua existência apenas como simples efeito do acaso, sem dúvida deve temer perdê-la na morte. Quem reconhece, pelo contrário, que mesmo que apenas no geral essa existência repousa sobre uma necessidade originária, não irá acreditar que ela seja limitada a um curto espaço de tempo, mas antes estenderá a todos os momentos a duração dessa lei necessária que produz uma obra assim maravilhosa. Ora, para conhecer a própria existência como necessária, o homem deve considerar que até o momento preciso em que existe já decorreu um tempo infinito, preenchido de uma infinidade de mudanças e que, a despeito destas, ele existe: a série inteira de todos os estados possíveis já se esgotou, sem que sua existência pudesse ser suprimida. Se ele pudesse em algum momento não ser, então agora já não seria [4].

[...] A existência, com efeito, deve ser inerente, já que se mostra independente de todos os estados possíveis produzidos pela cadeia causal: pois esses estados encontraram a sua realização, e a nossa existência se manteve tão inabalável quanto o raio de luz pelo vento tempestuoso que ele atravessa [5]. Se, por suas próprias forças, o tempo pudesse conduzir-nos a um estado bem-aventurado, então lá já estaríamos desde há muito tempo, pois um número infinito de séculos se estende atrás de nós. Mas se também o tempo pudesse conduzir-nos a destruição, então há muito tempo já não seríamos mais. Disso que existimos agora, segue-se, pensando bem, que devemos ser em todos os tempos. Pois nós mesmos somos o ser que o tempo recolheu em si para preencher sua própria vida: por isso esse ser preenche a totalidade do tempo, tanto o presente e o passado quanto o futuro, de igual modo, e nos é tão impossível sair da existência quanto do espaço.

Considerando bem as coisas, é inconcebível que o que existe uma vez em toda a força da realidade reduza-se em algum momento ao nada e, então, não deva ser mais, durante um tempo infinito. Disso, relativamente aos cristãos, provém a doutrina da ressurreição universal; e relativamente aos hindus, a doutrina da criação incessante do mundo por Brama, sem contar os dogmas semelhantes dos filósofos gregos. O grande mistério do nosso ser e do nosso não-ser, cuja explicação suscitou esses e outros dogmas de mesmo gênero, tem por fundamento último que a mesma coisa que, objetivamente, constitui uma série infinita de tempo é, subjetivamente, um ponto, um presente indivisível e sempre existente; mas quem compreende isso? Kant expôs essa verdade com toda a clareza na sua imortal doutrina da idealidade do tempo e da única realidade da coisa-em-si; pois dessa doutrina resulta que a essência própria das coisas, do homem, do mundo, reside, durável e permanentemente no Nunc stans, sempre fixo e imóvel, e que a sucessão dos fenômenos e eventos é uma simples conseqüência da concepção que fazemos dessa essência por meio da forma de nossa intuição, através do tempo [6].

Por conseqüência, em vez de dizer aos homens: “Vós surgistes pelo nascimento, mas sois imortais”, dever-se-ia ser-lhes dito: “Não, vós não sois um nada”, e ensinar-lhes a entender essa palavra nos sentido da sentença atribuída a Hermes Trimegisto: quod enim est, erit semper (“Pois o que é, sempre será”). E se mesmo nesse caso não se é bem-sucedido, se o coração angustiado entoa o seu velho canto lamentoso: “Eu vejo todos os seres surgirem do nada pelo nascimento, e novamente caírem nesse nada depois de um curto período; do mesmo modo, minha existência, agora situada no presente, logo não será mais que um passado longínquo, e eu serei nada!”; então a resposta certa a dar é: “Não existes? Não o tens em ti agora o presente inestimável, ao qual todos vós, filhos do tempo, aspirantes com tanto ardor – não te ocupas mais agora e efetivamente? E compreendes como chegaste a ele? Conheces bem os caminhos que te conduziram a ele, para que pudesses reconhecer que eles deveriam estar fechados pela morte? A existência do teu seu, depois da destruição do teu corpo, te parece impossível e inconcebível: mas te é mais incompreensível do que tua existência atual e de como chegaste a ela? Por que deverias duvidar que os caminhos secretos que te foram abertos para este presente atual não o estariam também para todo o presente a vir?”.

» Na continuação, a metempsicose da vontade.

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[1] É preciso analisar o filósofo alemão dentro de do contexto de sua própria filosofia: ele defendia que existe uma espécie de “força da vida”, uma certa “vontade da natureza”, que nos preenche e de certa forma comanda nosso desejo de sobrevivência da espécie. Para a natureza, importa mais a espécie do que o indivíduo. Nossa “intuição de eternidade” nos liga a nossa essência imperecível e eterna, pois que está fora da dimensão temporal. Equivale dizer que existimos sempre, e que a vida individual é como uma espécie de caminho ilusório que percorremos enquanto não nos identificamos como nossa essência eterna. Obviamente há muito do budismo em seu pensamento.

[2] Para Schopenhauer a possibilidade de não termos existido antes de nosso nascimento é tão absurda quanto a possibilidade de não mais existirmos após a morte. Para chegar a tal conclusão ele se vale de uma lógica muito próxima a de Espinosa, quando este diz que “uma substância não pode criar a si mesma”. Ao longo do texto ficará melhor explicado.

[3] Conforme muitos cientistas modernos, Schopenhauer era um eternalista. Ao contrário dos materialistas científicos, entretanto, ele acreditava que certas potencialidades dos seres eram passadas adiante de geração em geração, enquanto que suas individualidades (ou personalidades) era descartadas, principalmente por se tratarem apenas de ilusões criadas pela consciência para a vida em sociedade. Esse tipo de abordagem é bastante similar a que eu desenvolvi para a reencarnação (também defendida pelo filósofo alemão, como veremos, embora com outro nome).

[4] Caso se entenda o tempo como uma parte conjunta do espaço-tempo (e Einstein assim o provou), e se entenda que neste momento somos parte dele, imaginar que um dia não fomos, ou nalgum dia não mais o seremos, é o mesmo que imaginar que em certos trechos do tecido do espaço-tempo, ou seja, do universo como um todo, existem “rachaduras” onde nada existe: e idéia é absurda por si só! No entanto, todos sabemos que nossa compreensão do tempo é ainda hoje tão ou mais precária quanto a compreensão do espírito.

[5] Uma grandiosa analogia puramente intuitiva, visto que estava muito distante da compreensão das modernas teorias científicas.

[6] Uma explicação um tanto simplificada seria imaginarmos uma roda de carroça, com seu eixo e seu aro: o mundo objetivo, temporal, ocorre no aro que gira. Mas todas as coisas temporais emprestam a essência que vem do eixo, imóvel. Somente através de nossa intuição, subjetiva, conseguimos perceber o eixo – o que está fora do tempo, a eternidade.

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Crédito da imagem: Wikipedia

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16.9.11

Links Mayhem (29)

O Projeto Mayhem foi criado em Março de 2010 como centro de debates e discussões sobre temas Ocultistas e Herméticos. Agora, toda semana, os participantes do projeto divulgam os links mais interessantes para artigos nos blogs de outros participantes:

- Teoria da Conspiração - Invocando os Deuses
- O Alvorecer - Astrologia
- Labirinto da Mente - O Aikido por Morihei Ueshiba
- Idéia Biruta - Algo Material
- Tudo sobre Magia e Ocultismo - 6 meses depois
- Heresias Compartilhadas - Sobre as mandrágoras
- Diário do Adeptu - O Senhor de todos os seres, Lord Ganesha
- Autoconhecimento e Liberdade - O encanto dos Orixás, por um teólogo
- Artigo 19 - Mito da caverna para crianças
- Universo Paralelo - Compiladão de filmes ocultistas/filosóficos
- Hermetic Rose - Silencioso e Sombrio

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Veja também os colunistas no Portal Teoria da Conspiração:

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» Veja todos os posts sobre o Projeto Mayhem

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15.9.11

O ritual das gotas

Esta é a história de como uma poesia virou ritual...

Em 1999 tive a inspiração de uma poesia não usual, um tanto quanto fora do meu estilo na época. A começar pelo fato de ela repetir algumas palavras como numa espécie de mantra, o que só fui me valer em uma ou outra poesia escrita desde então.

Ocorre que, mais de uma década após, durante meu estudo da mediunidade em um centro espírita ecumênico, esta poesia – então já meio esquecida – retornou a minha mente como um visitante que insiste em bater na porta até que ela seja finalmente aberta... Era como se alguém estivesse me pedindo para recitá-la durante o período em que todos estavam em meditação, mas não como uma poesia apenas, antes como uma espécie de oração, ou ritual...

Devido a enorme comoção que ela causou quando recitada a primeira vez, achei por bem divulgá-la para quem tiver interesse em recitá-la também. Antes, porém, gostaria de deixar bem claro o que quero dizer pelos seguintes termos:

- Por ritual entendo, em última instância, uma série de procedimentos mentais que, de acordo com a definição de magia dada por Alan Moore (e outros) – "a ciência de se manipular símbolos, palavras ou imagens para se alcançar estados alterados de consciência" – visa à indução de nossa própria consciência a um estado alterado. Não é estritamente necessário o uso de indumentárias (físicas) como mantos, velas, imagens de santos, etc. No ritual abaixo é apenas necessário recitar uma poesia e pedir que os presentes imaginem certos símbolos.

- Por irradiação mental entendo uma espécie de mentalização de certos símbolos, em certos contextos, e em certos graus de foco mental (quanto maior o foco, maior a eficácia, mas isso requer obviamente maior disciplina e experiência com a prática). Não se trata, certamente, de nenhuma irradiação no sentido físico-científico do termo. No ritual abaixo, a irradiação mental será realizada pela imaginação dos próprios participantes.

Finalmente, o ritual possui um forte componente simbólico para quem o imagina pela primeira vez. Deste modo, as recomendações de irradiações mentais servem mais para quem o está a repetir. Quem recita o ritual deve se lembrar de dar tempo para que aqueles que participam pela primeira vez o possam imaginar e decifrar devidamente. Ou seja: recitar lentamente e, quando possível, de forma sincronizada (com as irradiações).

O ritual deve ser realizado de preferência com luz baixa no ambiente, exceto para quem o recita, no caso de precisar ler o texto (pode-se até usar uma pequena lanterna, por exemplo)...

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O ritual
(em itálico o que deve ser pronunciado)

Irradiação mental inicial: Imaginem uma cachoeira distante, e a natureza ao redor (livre desenvolvimento). A água (elemento) que cai a distância termina por escorrer até nossos tornozelos, talvez até as canelas, de modo que estamos cercados de água por todos os lados. Um pequeno oceano local se faz presente neste recinto, ele alcança nossos pés.

Gotas

Irradiação mental: Nós somos as gotas.

Gotas
que caem

Gotas
que caem
no oceano.

Irradiação mental: Uma leve chuva de gotas a respingar pelo ambiente, a escorar pela face, a escorrer pelo corpo, a agitar a superfície das águas como estrelas a cintilar pelo oceano da noite.

Gotas...
Límpidas, porém cálidas.
Caem...
Em infinitos oceanos.

Irradiação mental: Todos nós somos gotas. Todo mundo é um oceano. Hoje caímos neste oceano. Ontem caímos noutros oceanos. Amanhã cairemos em ainda outros oceanos...

Muitas gotas.
Gotas sem rumo.
Caem ao acaso
em um lindo vaso
que guarda o ser humano.

Irradiação mental: Nós estávamos perdidos, sem rumo, mas despertamos em nossos corpos. Nossos corpos são nossos templos. Nossos templos são os vasos que abrigam as gotas. Todos nós somos gotas.

Quantas gotas
hão de cair
para ante a verdade,
evaporarem de volta aos céus,
e finalmente encontrarem
um caminho a seguir?

Irradiação mental: Há uma luz, um fogo que se irradia do alto. Ele incide sobre o oceano até que algumas gotas evaporem, etéreas, de volta para o alto, em direção a luz. Teremos temor deste fogo? Teremos receio desta luz? Em vão, pois a luz é o amor. A luz é o amor. A luz é o amor, e nós somos as gotas.

Tantas quantas lágrimas
o Criador puder chorar... [1]

Irradiação mental final: Irmãos e irmãs, nós somos as gotas. Irmãos e irmãs, nós somos as lágrimas. O Criador nos cria através de um ato de amor. Suas lágrimas são de puro amor. Nós somos parte deste amor. Nós somos as lágrimas. Nós somos as gotas. O mundo é um oceano. O mundo está repleto de gotas por todos os lados e todas as direções e todos os pensamentos. O mundo está repleto de amor. Pensemos na luz, e nas gotas que ficam, e nas gotas que se vão ao seu encontro...

Abramos os olhos.

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[1] Dependendo da crença de quem participa do ritual, podem-se usar outros termos no lugar de Criador: Universo, Vida, Cosmos, Deus, etc. Só não recomendo que se usem nomes de profetas ou santos, nem de deuses menores.

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Crédito da imagem: [topo] Akiane Kramarik; [ao longo] Micha Pawlitzki/Corbis

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13.9.11

Textos para Reflexão no Facebook

Ontém criei uma página para o Textos para Reflexão no Facebook, e hoje já chegamos aos 25 "likes/curtir" necessários para que eu conseguisse uma URL exclusiva para ela dentro da rede social. Obrigado a todos que curtiram, e quem ainda quiser curtir e acompanhar o blog pelo Facebook, basta clicar abaixo:

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