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9.5.13

Lançamento: Toda poesia de Alberto Caeiro

As Edições Textos para Reflexão voltam a publicar Fernando Pessoa, ou melhor, Mestre Caeiro. Em Toda poesia de Alberto Caeiro temos ao todo 3 livros – O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e Poemas Inconjuntos –, além de diversos textos adicionais.

Um livro digital já disponível para o Amazon Kindle e o Kobo:

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Abaixo, segue um trecho da introdução do livro:

“A fonte da vida temporal é a eternidade. A eternidade se derrama a si mesma no mundo. É a ideia mítica, básica, do deus que se torna múltiplo em nós. Na índia, o deus que repousa em mim é chamado o habitante do corpo. Identificar-se com esse aspecto divino, imortal, de você mesmo é identificar-se com a divindade.

Ora, a eternidade está além de todas as categorias de pensamento. Este é um ponto fundamental em todas as grandes religiões do Oriente. Nosso desejo é pensar a respeito de Deus. Deus é um pensamento. Deus é um nome. Deus é uma ideia. Mas sua referência é a algo que transcende a todo pensamento. O supremo mistério de ser está além de todas as categorias de pensamento. Como disse Immanuel Kant, o filósofo alemão: a coisa em si é não coisa. Transcende a coisidade e vai além de tudo o que poderia ser pensado.

As melhores coisas não podem ser ditas porque transcendem o pensamento. As coisas um pouco piores são mal compreendidas, porque são os pensamentos que supostamente se referem àquilo a respeito de que não se pode pensar. Logo abaixo dessas, vêm as coisas das quais falamos. E o mito é aquele campo de referência àquilo que é absolutamente transcendente”.

O poder do mito (trecho), Joseph Campbell

Mestre Caeiro foi além da linguagem, e exatamente por isso, descascou a casca da metafísica, e demonstrou como toda poesia é sensação, sentimento e intuição, os frutos por detrás das cascas das palavras.

Segundo Pessoa, “a obra de Alberto Caeiro representa uma reconstrução integral do paganismo, na sua essência absoluta, tal como nem os gregos nem os romanos que viveram nele e por isso o não pensaram, o puderam fazer”.

Neopagão por excelência, mito de si mesmo, Mestre Caeiro, o único heterônimo de Pessoa que era reconhecido pelos outros heterônimos como mestre, nos traduz em seus poemas tudo aquilo que não pode ser traduzido... Isto tampouco é um paradoxo: é que se trata de uma linguagem para ser percebida pela alma, e não pelo cérebro.

De fato, “há metafísica suficiente em não pensar em nada”, ou seja, em simplesmente existir, e contemplar tudo isto que está a nossa volta. Toda a Eternidade apaixonada pela produção do tempo. Toda a Transcendência a velejar pelo horizonte. Toda a Natureza a bailar com a brisa que escora pelos ombros...

Seria inútil prosseguir nessa descrição do indescritível. Portanto, antes de lhes deixar na companhia de Caeiro, trago uma poesia ainda mais antiga e inefável, vinda da Pérsia (séc. XIII):

Além das ideias de certo e errado,
há um campo. Eu lhe encontrarei lá.

Quando a alma se deita naquela grama,
o mundo está preenchido demais para que falemos dele.
Ideias, linguagem, e mesmo a frase “cada um”
não fazem mais nenhum sentido.

Jalal ud-Din Rumi (poeta sufi)


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