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13.2.14

Uma breve consideração sobre a existência de Deus

Muito se debate sobre a existência ou não existência de Deus. Como alguns devem saber, eu considero este um debate particularmente inútil.

Há ateus ferozes que acusam de infantil e fantasioso qualquer um que creia num “velho de barba muito branca que sabe de antemão quando cada fio do seu cabelo cairá”. No entanto, isto foi um espantalho de deus que foi criado; e qualquer místico, isto é, qualquer um que já observou a Deus de relance, sabe que se trata somente de um espantalho.

No fundo, todos nós, mesmo os ateus mais ferozes, sabemos por intuição própria que nada pode surgir do nada, nem mesmo um espantalho ou as leis que permitem as flutuações quânticas no vácuo. Até mesmo os yorubás, que trouxemos acorrentados de sua terra natal, e que tanto acusamos de “paganismo”, sabem que os orixás não surgiram do nada e tampouco criaram a si mesmos – são, todos eles, filhos de ainda outra entidade que os precedeu, chamada Olorun, e para a qual não se fazem oferendas ou cultos, pois ela já é todas as oferendas e já se encontra presente em todos os cultos.

E, se não acreditam nos yorubás, podem ler o grande Espinosa, que disse algo muito parecido em sua Ética demonstrada à maneira dos geômetras. O que Espinosa talvez não tenha compreendido é que a “demonstração geométrica” era em realidade desnecessária, sendo apenas uma espécie de óculos para enxergar com a razão lógica o que a intuição já enxergava muito bem há tempos, e sempre enxergou!

No entanto, o fato de sabermos que existe um Deus anterior e acima de qualquer espantalho ou “teoria do tudo” não significa que saibamos exatamente como é a face deste Deus, ou sequer que ele tenha alguma face...

É neste sentido que há muitos místicos que concordam plenamente com os agnósticos: “Nós o vimos de relance, mas não sabemos se um dia o veremos face a face”. Ou, como diria Feynman, “a inefável natureza da Natureza”!

Mas que sabe dançar, isto ele sabe...

***

Crédito da imagem: Grafite de Cosmo Sarson (em Bristol, Ingalterra)

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2 comentários:

Blogger katia helena disse...

Lindo e profundo, parabens!

13/2/14 12:40  
Anonymous Anônimo disse...

Se Deus existe eu não sei, mas que há uma "força estranha" bailando entre átomos e energias, convertendo uns em outros e dançando, ou como preferem alguns "vibrando" e se "transmutando" desde os ciclos da água e do carbono as fusões e fissões nucleares, isso é quase certo! :)

14/2/14 20:35  

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