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12.6.15

O eco de uma era distante

Ao contrário de muitos músicos e bandas que trago aqui para o blog, Pink Floyd dispensa apresentações. O que eu quero aqui, no entanto, é lhes fazer refletir sobre a magia da música, principalmente da música que se eleva, e recai, e se eleva, e nessa progressão infindável, imita a vida e as eras humanas. Nessa obra-prima da história desta arte, Echoes, a banda britânica nos leva a uma viagem inefável que parece nos tocar profundamente a alma... O fato de terem escolhido tocá-la nas ruínas de Pompéia somente enaltece a essência de tais ecos, ecos do passado distante, ecos da angústia perante o futuro, ecos do momento divino em que dois olhares se entrecruzam, e subitamente percebem que nunca deixaram de coexistir na eternidade.

Ouçam aos acordes do tempo, ouçam com atenção...

***

Lá no alto, os albatrozes flutuam imóveis pelo ar
E abaixo das ondas, nos labirintos das cavernas de corais
O eco de uma era distante vem florescendo pela areia
E tudo é verde e submarino

E ninguém nos conduziu a terra
E ninguém sabe dos "comos" e "porquês"
Mas algo se espanta e experimenta
E inicia a subida em direção à luz

(...)

Estranhos passando pela rua
Por acaso dois olhares separados se encontram
E eu sou você e o que eu vejo sou eu
E eu pego em sua mão
E a conduzo através da terra
E me ajudo a compreendê-la da melhor forma
E ninguém nos incita a prosseguir
E ninguém nos obriga a fechar os olhos
E ninguém diz nada
E nada experiencia...
E ninguém voa em torno do sol

(...)

Todos os dias você cai sobre meus olhos despertos
Me convidando e incitando a subir
E através da janela eles entram, fluindo por asas de luz...
Um milhão de embaixadores da manhã
E ninguém mais me canta canções de ninar
E ninguém mais vem fechar meus olhos
E então eu escancaro as janelas abertas
E clamo por você através do céu...


(tradução da letra original em inglês, por Rafael Arrais)

***

» Veja David Gilmour e Richard Wright tocando Echoes décadas depois, em Gdańsk, Polônia.

Crédito da imagem: Pink Floyd Live at Pompeii/Divulgação

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2 comentários:

Blogger Laércio disse...

Raphael,

É isso aí! Concordo com o seu texto. E a música é sempre isso: um eco nosso com o universo. Uma comprovação da nossa infinitude... o som é eterno!
Inclusive fiz um texto sobre o último disco do Pink Floyd (que foi mais marketing, porém ainda é válido), que começa assim:
"Como um rio eterno de energia
Fluindo sem fim
Maré e fluxo
Num indo e vindo incessante
Como coisas ditas
ECOANDO de volta"...
(https://reflexoeslivres.wordpress.com/2014/11/12/o-rio-sem-fim/)

Grande abraço!

12/6/15 15:57  
Blogger raph disse...

Oi Laércio (comentei isto lá no seu blog tb),

Realmente eu me peguei pensando muito no tempo, não propriamente por conta deste "Endless river", mas ao ver uma das últimas apresentações do Richard Wright ao lado de David Gilmour, tocando diversas músicas clássicas do Pink Floyd, inclusive "Echoes". Então, logo após eu tive vontade de rever o "Echoes" da época do "Live at Pompeii", e me deu aquele insight de como, entre uma e outra década, de certa forma eles eram ainda os mesmos, como se o tempo sequer tivesse passado...

Foi daí que resolvi postar em meu blog sobre "Echoes". Interessante como, mesmo sendo fã deles desde muito antes de iniciar meu blog, somente agora cito o Pink Floyd pela primeira vez, após mais de 8 anos... Mas o que é o tempo, não é mesmo?

Abração!
raph

12/6/15 16:51  

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