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28.11.17

No jardim

No jardim os bambuzais
envergam e dançam com os ventos,
até se aquietarem com as brisas
que vão soprando fraquinho,
cada vez mais devagar,
devagarinho
até parar,
e aí, tudo é paz.

Fora do jardim os carros passam a mil por hora,
e buzinam para quem vai a frente,
e caçoam de quem fica muito para trás.
Lá tudo tem um tempo cronometrado,
tudo passa depressa e vale alguma comissão;
tudo, tudo, menos a morte, é claro,
pois que lá ninguém é educado
para a dor e a tristeza;
lá fora ninguém pode jamais
simplesmente se deixar levar
pela correnteza.

Enquanto isso, aqui no jardim,
o espírito já declarou o óbito do ego,
tudo que havia para doer já doeu,
e todas as coisas que existem no tempo
são tão relevantes quanto o início e o fim
de mais uma dança de bambuzais...

O vento passou, e voltou uma vez mais;
nesse eterno e ligeiro vai e vem
toda a mata segue a bailar.
No fundo, todos somos iguais;
mal sabemos quem é quem,
quiçá aonde tudo isso vai dar...


raph'17

***

Crédito da imagem: raph (Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

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